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DEPRESSÃO

A depressão é um grito da alma que se fartou do silêncio.

É o último estágio da dor humana


A depressão é um problema de saúde muito comum: de acordo com relatório global lançado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em dez anos os casos aumentaram mais de 20%, num índice que supera 320 milhões de pessoas diagnosticadas. No caso do Brasil, estima-se que 5,6% da população seja afetada, sendo a maior taxa do continente latino-americano. Um episódio depressivo pode ser categorizado como leve, moderado ou grave, a depender da intensidade dos sintomas. Alguns dos indícios da doença são: ansiedade, alterações do apetite, de peso e do sono, dor crônica, agitação ou lentificação motora, fadiga ou perda de energia, sentimentos de inutilidade ou de culpa, dificuldade de concentração e de tomar decisões, e nos casos mais graves, pensamentos de morte e ideação suicida.

No entanto, apesar de parecer um quadro único quando vemos a depressão dessa forma, existem tipos diferentes que possuem sintomas e impactos diversos no dia a dia. Veja abaixo os quadros depressivos mais comuns e suas características:


1. Transtorno depressivo maior (depressão unipolar)


Esse é o tipo de depressão mais frequente e conhecido. Caracteriza-se por um quadro de humor deprimido, perda de interesse e de prazer, energia reduzida, diminuição das atividades e, em casos mais graves, sofrimento, melancolia e incapacidade temporária, especialmente quando não tratado.


2. Depressão bipolar Transtorno bipolar


É diferente da depressão, mas esse tipo consta nesta lista porque a pessoa experimenta episódios de humor extremamente deprimido que satisfazem os critérios para depressão maior. É a alternância de momentos depressivos com períodos de extremos, eufóricos ou irritáveis, chamado “mania” ou uma forma menos grave, chamada “hipomania”.


3. Distimia (transtorno depressivo persistente)


Essa é uma forma de depressão crônica --com duração mínima de dois anos--, de intensidade moderada, quando o indivíduo fica predominantemente triste, desanimado, pessimista e sem vontade de agir, com pouca energia e concentração. Uma pessoa diagnosticada pode ter episódios de depressão maior, juntamente com períodos de sintomas menos graves.


4. Depressão pós-parto


Os sintomas podem aparecer nas primeiras semanas depois do parto ou mesmo durante a gestação. Os sentimentos de extrema tristeza, ansiedade e exaustão podem dificultar que a mãe realize atividades diárias de cuidado do bebê e de si mesma. É bem mais grave do que a sensação de ansiedade que muitas mulheres experimentam após o parto, que normalmente desaparecem dentro de duas semanas.


5. Transtorno disfórico pré-menstrual


Conhecida como TDPM, surge quase todos os meses no período que antecede a menstruação e deve cessar quando o ciclo se inicia. Assim como a TPM, decorre de uma baixa de estrogênio, o hormônio feminino. Os sintomas, no entanto, são muito mais severos do que a tensão pré-menstrual comum, a ponto de deixar a paciente incapaz de exercer atividades, por tristeza, irritabilidade, vontade de isolamento e muita indisposição.


6. Transtorno afetivo sazonal


É o nome dado à depressão durante os meses de inverno, quando há menos luz solar natural, em particular em países de clima temperado, onde os dias de invernos são curtos e a exposição à luz reduzida. A depressão de inverno, que costuma se repetir todos os anos, é acompanhada de retraimento social, aumento do sono e ganho de peso.


7. Depressão psicótica


Ocorre quando uma pessoa tem depressão grave e sintomas psicóticos, como ter falsas crenças (delírios) e ouvir ou ver coisas perturbadoras que os outros não conseguem perceber também (alucinações). Os sintomas psicóticos geralmente têm um "tema" depressivo, como delírios de culpa, pobreza ou doença, podendo também ter um conteúdo persecutório.


8. Transtorno depressivo induzido por substância/medicamento


Está associada à ingestão, injeção ou inalação de uma substância (droga de abuso, exposição a uma toxina ou uso de medicamento), e incluem os sintomas de um transtorno depressivo que persistem além da duração esperada dos efeitos fisiológicos da intoxicação ou período de abstinência.


A depressão se instala de forma silenciosa e sorrateira.

Lentamente vai invadindo os espaços lacunares da alma e dominando a capacidade de reação da pessoa. A entrega é a face mais cruel da enfermidade. Assim, é preciso que a família esteja atenta aos sintomas apresentados pela pessoa deprimida. Esses sintomas trazem uma mensagem do corpo e, principalmente, da alma, de que é preciso fazer algo.

A depressão como doença da alma não sangra. Não é palpável. Em geral, os exames clínicos não a detectam e nem as máquinas mais sofisticadas não a registram. A maioria das pessoas a ignora e boa parcela dos profissionais da saúde não dão o devido valor. Mesmo assim, a depressão não deixa de ser dolorosa e, infelizmente, tem destroçado famílias inteiras pela perda do enfermo, motivada pelo suicídio. Mesmo sendo um dor da alma, provoca tanto sofrimento quanto a dor do corpo. É uma dor ampliada pelo preconceito ou pela indiferença dos menos informados, inclusive da própria família.

Neste sentido, é importante conscientizar a família de que a depressão, a exemplo de qualquer doença, merece respeito, atenção e tratamento adequado, por meio de profissionais especializados. É um grave equívoco exigir que a pessoa deprimida reaja por si só, sem o auxílio médico.

Ao deprimido devemos levar uma palavra de estímulo e de incentivo, no sentido de que não se deixem abater pela desesperança. É preciso ressaltar que a cura é possível e que viver ainda é e sempre será o bem maior.

É importante observar os momentos de incertezas, de desânimo e de desesperança que afligem os enfermos, inclusive durante o tratamento. Nestes momentos, a família e os amigos próximos devem atuar de forma mais intensa no sentido de ajudar o doente no enfrentamento desses momentos mais críticos. Sem a compreensão e o apoio dos familiares e dos amigos mais próximos, a luta pode ser muito mais árdua. A luta pode, inclusive, ser perdida, culminando com o suicídio, cada vez mais comum, entre as pessoas com depressão.

Certamente, caro leitor, você convive ou conhece alguém com depressão. Ou, até mesmo você já foi acometido em algum momento da vida por essa grave doença da alma. Assim, como você enfrentou a doença? Tem expressado uma atitude solidária que acolhe e respeita o enfermo? Reflita e assuma uma posição proativa de solidariedade, respeito e atenção, enquanto há tempo.


Obrigado pela sua visita. Você é sempre bem vindo(a) por aqui.

Um abraço!


Fonte: Miguel Roberto Jorge, professor associado do Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina da Unifesp.

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